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É preciso cuidar da sucessão

Abro caminho nesta terça-feira para o colega jornalista Onofre Ribeiro (Cuiabá) publicar artigo de sua lavra neste Blog. Ele comenta com maestria a questão da sucessão.

Vamos ler juntos...

"Os governadores de Mato Grosso nos últimos 30 anos não cuidaram de construir os seus sucessores enquanto ainda estavam no poder. Todos perderam o trem da História e caíram no ostracismo. É natural que ao chegar ao poder, o governador adote posições personalistas, provocadas pela sensação de vitória e pelo entorno de poder que, invariavelmente, o isola da opinião pública.

Poder requer uma corte que constrói o entorno do governante. Faz parte da liturgia. Até porque o governo em si mesmo é complicado e sem graça. É preciso haver essa liturgia de endeusamento do governante para dar-lhe aquela legitimidade ainda medieval de sentir-se acima dos súditos.

Os três governantes mais políticos dos últimos anos de Mato Grosso depois da separação de Mato Grosso do Sul, quando as lideranças sofreram grandes mudanças, não cuidaram dos seus sucessores: Júlio Campos, Carlos Bezerra e Dante de Oliveira. Os três sofreram graves derrotas depois de saírem do governo. Júlio Campos foi derrotado ao governo em 1998 em disputa contra Dante de Oliveira. Carlos Bezerra sofreu duas derrotas ao Senado, em 1988 e em 1998. Dante de Oliveira foi derrotado ao Senado em 2002 e o seu candidato ao governo, o senador Antero Paes de Barros, perdeu junto.

Esta é a História e a experiência.

O governador Blairo Maggi também se deixou envolver pela liturgia do poder. É o primeiro passo para se esquecer que o tempo de governo conta e acaba. Reeleito, o governador não dá sinais de que pensa em um sucessor. Há dias, desanimado, falou em Rondonópolis que pretende abandonar a política depois de 2010, quando finda o seu mandato. Não é bem assim. Um governante cria em torno de si compromissos definitivos que envolvem vidas de pessoas, interesses de partidos e a expectativa de admiradores e de adversários.

Um governante deixa de ser dono de sua vida. Tem que pensar coletivamente, mesmo quando o seu coração pede que se afaste da vida política e o aponta para outra direção.

Sendo assim, o governador Blairo Maggi tem obrigatoriamente que montar a sua sucessão para não ser atropelado por sucessores que virão com a mesma sensação de magistrados do tempo, e endeusados por uma nova corte.

Além do mais, o governador realmente criou muitos conceitos positivos na gestão pública estadual. Há interesses e interesses numa eleição. Para ganhar, pode se vender até a alma e a mãe.

Por menos que goste da política como encaminhamento da vida, Blairo Maggi precisa a partir de já iniciar a construção de um processo de sucessão, sob pena de ver perdida a sua passagem conceitual pelo governo. Precisa, no mínimo, ter uma posição e um lado que lhe dê no futuro condição ser oposição e de pôr um freio no seu sucessor. Ainda mais se ele vier com a rédea solta!

Onofre Ribeiro é articulista
onofreribeiro@terra.com.br

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