Header Ads Widget


As palavras e seus valores históricos, científico e cultural

Por Rodney Garcia

O pensamento positivista, ciência, é a síntese da negação dos elementos sociais, culturais, políticos, econômicos, formativos nos elementos determinantes de determinados como sendo educação, qualidade de educação. Assim, ao optar por pressupostos positivistas, enquanto método e metodologia, o individuo, de cara, está assumindo que os problemas da educação estão vinculados apenas aos resultados finais, aos provões; às qualificações técnicas que afirmam ser 2+2=4, aqui e em qualquer lugar do mundo, como solução para os problemas que afligem os educadores, os movimentos populares, e, pasmem, até os governos.

Porém, ao se apegar ao método positivista para explicar a suposta lógica pretendida para a excelência e a eficiência em educação, o defensor dessa prática comete um erro grave: a própria matemática admite que pode ser desenvolvida operações do tipo: -3+2-5 X 1,4... Ou, em um raciocínio mais simples: 2,1+2,2 +2,3 –1,4 –1,5... Ou seja, entre dois e três, de acordo com a matemática, tem muita coisa que pode não resultar apenas em quatro, como querem os cartesianos.

Bom, não me propus a discutir matemática. Como também não me proponho a compreender a educação, a qualidade da educação, a partir de pensamentos positivos, carregados de energias positivas. Energias irradiadas do cosmos. Tenho muito respeito e admiração pelo trabalho dos gnósticos, aqueles que trabalham com as energias do cosmo. São muito bons, enquanto medicina alternativa, construída a partir do senso comum.

Agora, afirmar que a qualidade da educação “[...] é conspiração de alguns professores que nunca estão satisfeitos com eles mesmos [...],”conforme artigo vinculado neste blog em 27/02/08, é um tanto quanto temerário. Temerário porque parte de pressupostos que vão contra a ética profissional e, mais que isso, ao afirmar tal pressuposto evidencia, de quebra, a inoperância do Estado, enquanto agente proponente e fiscalizador das políticas educacionais e de formação continuada.

A matéria vinculada em 27/02/08, ao apresentar como retórica que “[...] alguns professores que nunca estão satisfeitos com eles mesmos [...],” me obriga a perguntar: o que é estar satisfeito consigo mesmo? Seria um sentimento de inquietação, próprio da condição humana? Ou, seria uma tendência de não vida?

Eu, por exemplo, não estou satisfeito comigo mesmo. E esse sentimento me move sempre a buscar novas respostas, a perceber novos paradigmas para antigos paradoxos. E a minha insatisfação exige que eu tome atitudes para resolver problemas básicos de leitura e interpretação de alunos que estão na terceira fase do segundo ciclo, ou sexto ano, ou quinta série. Se a insatisfação de alguns professores, presumidos no artigo em questão, for esta, beleza. Se tiver outra conotação, sou, naturalmente, impelido a indignar-me. A não aceitar tal retórica como sendo absoluta, universal, imutável.

A possibilidade de algo absoluto, universal, imutável assusta e preocupa. Bom, saindo do plano emocional, de natureza psicológica do termo “[...] não estão satisfeitos com eles mesmos [...]” e buscando referenciais na sociologia e na análise do discurso, será, então, possível compreender as implicações do enunciado extraído do artigo de 27/02/08. Implicações estas que resultam na concepção da não publicidade e da não universalidade do acesso à educação, como direito público subjetivo, uma vez que o Estado não dispõe de políticas (meios) para controlar (grifo meu) seu quadro de recursos humanos.

Agora, o grave na retórica do artigo em questão é a incorporação do discurso de um ex-governador de Mato Grosso (1992) que, diante da manifestação dos profissionais da educação para receber salários atrasados, afirmou que os profissionais da educação eram “mal-amados.” Esse jargão aparece como argumento no artigo publicado em 27/02/08 “[...] mal amado.” Coincidência? Infeliz retórica?

Diante do arrolado até agora, preocupa ainda mais o endeusamento da representação através do voto direto. Sou favorável à democracia representativa, quer seja de classe, quer seja nas estruturas em que “todo o poder emana do povo e em seu nome será exercido (CF. 1988. Parágrafo Único, art. 1º).” E por acreditar na democracia representativa e compreender-me enquanto classe, por princípio e prática social, digo que as “[...] políticas públicas de nosso Estado[...]” estão em constante disputa.

E nós, enquanto categoria, disputamos políticas públicas de bem-estar social, cultural, econômico, na medida em reivindicamos melhores salários, políticas permanentes de formação continuada, tecnologias educacionais, melhoria em infra-estrutura básica nas unidades escolares de Mato Grosso.

Sou classe. Tenho consciência de classe. E não será o chão em que piso que mudará a minha visão e minha concepção de classe. Se poder for, o exercerei para que a classe faça, de fato, a diferença no planejamento, na execução e na avaliação das ações e das políticas educacionais. Mais que isso, insistirei, mesmo que contra o Cosmo e os Deuses, que outras políticas públicas educacionais podem ser construídas, implantadas.

*Técnico em Gestão Educacional. Professor da Educação Básica. Consultor em Assuntos Educacionais

Postar um comentário

0 Comentários